Hidrogênio verde na América Latina: potencial energético, mas dependência tecnológica
Um estudo do Sistema de Inteligência em Patentes para a América Latina (SIPLA), ligado ao Instituto Max Planck para Inovação e Concorrência, revela um dado preocupante: apenas 5% das patentes de hidrogênio verde registradas em países latino-americanos pertencem a titulares locais.
O Brasil lidera em volume de depósitos, seguido por México e Chile, mas a região ainda depende fortemente de tecnologia estrangeira, sobretudo no segmento de armazenamento.
O que o estudo mostra
- O setor de hidrogênio verde avança em potencial, mas carece de autonomia tecnológica.
- As principais patentes pertencem a multinacionais como Air Products & Chemicals e Praxair Technology.
- Houve queda recente nos pedidos de patente, sinalizando espera por incentivos regulatórios.
O caminho apontado pelos especialistas
Segundo o pesquisador Pedro Henrique Batista, é essencial que a América Latina invista em:
- Capacitação técnica e científica, com foco em transferência de tecnologia;
- Políticas industriais regionais voltadas ao hidrogênio verde;
- Fundos públicos, créditos tributários e compras governamentais para estimular a produção local;
- Uso estratégico da propriedade intelectual, com portfólios regionais, licenciamento cruzado e apoio a startups e universidades.
Por que isso importa
A transição energética global depende de autossuficiência tecnológica. A região possui recursos naturais abundantes, mas precisa transformar esse potencial em inovação protegida por patentes locais, reduzindo a vulnerabilidade frente a monopólios estrangeiros.
O hidrogênio verde pode ser a energia do futuro — mas para a América Latina, o desafio é fazer com que o futuro também seja latino.












