INPI publica manual sobre a caducidade de patentes e reforça papel regulatório do instituto no Brasil
O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) acaba de publicar um manual técnico sobre a caducidade das patentes, prevista no artigo 80 da Lei da Propriedade Industrial (Lei nº 9.279/96). Trata-se de um avanço importante na consolidação das regras sobre esse mecanismo, cujo papel vai muito além da simples extinção de direitos: a caducidade é um instrumento de política pública, voltado à regulação do uso da propriedade industrial em benefício do interesse coletivo.
O que é caducidade de patente?
A caducidade ocorre quando o titular deixa de explorar a invenção ou não licencia seu uso no Brasil, sem justificativa legítima, dentro dos prazos legais. A medida visa impedir que a patente seja usada apenas para manter um monopólio ocioso, sem contrapartida para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país.
O que traz o novo manual do INPI?
O documento apresenta:
- A natureza jurídica da caducidade, diferenciando-a de institutos semelhantes em outras áreas do Direito;
- A origem histórica da caducidade de patentes no Brasil e sua relação com tratados internacionais, como a Convenção da União de Paris (CUP) e o Acordo TRIPS;
- O processo administrativo de pedido de caducidade: suas etapas, prazos, partes envolvidas, critérios de mérito e efeitos;
- A importância da caducidade como ferramenta regulatória, promovendo concorrência, acesso à tecnologia e justiça social.
Por que isso importa?
O manual consolida interpretações e boas práticas, promovendo segurança jurídica, coerência normativa e governança regulatória. Ele deixa claro que o direito de patente não é absoluto: o titular precisa demonstrar que a exclusividade está a serviço do desenvolvimento e da inovação — e não da estagnação ou do bloqueio de mercado.
Caducidade como política pública
Mais do que um instrumento punitivo, a caducidade se afirma como um elemento fundamental da política nacional de propriedade industrial, alinhada à função social da patente e ao equilíbrio entre proteção privada e interesse público.
O manual é mais um passo no fortalecimento institucional do INPI e na qualificação do debate técnico sobre propriedade intelectual no Brasil.
Fonte:
Migalhas