China entra no top 10 da inovação global: o que isso significa para o Brasil e para o mundo
O Índice Global de Inovação (GII) 2024, elaborado pela OMPI, marcou um ponto de virada: pela primeira vez, a China entrou no top 10, ultrapassando a Alemanha e consolidando-se como potência tecnológica.
Enquanto a Suíça, Suécia e EUA mantêm a liderança histórica, a ascensão chinesa mostra que o crescimento econômico sustentável não depende mais apenas da produção em massa, mas sim da capacidade de gerar conhecimento, tecnologia e patentes.
Destaques do avanço chinês
- Patentes: em 2024, a China foi responsável por cerca de 25% dos pedidos globais, enquanto EUA, Japão e Alemanha juntos registraram queda.
- Clusters de inovação: o país lidera com 24 ecossistemas ativos, superando os EUA (22).
- Educação como base: estudantes chineses têm desempenho de destaque no Pisa, em contraste com o Brasil, que segue nas últimas posições.
- Investimento em P&D: a China caminha para ser o país que mais investe no mundo, enquanto a taxa global desacelera (2,3% em 2024, a mais baixa desde 2010).
Implicações globais
A ascensão da China ocorre em um contexto de guerra tarifária e tensões geopolíticas. Enquanto os EUA olham para o passado industrial, Pequim aposta em inovação digital e tecnologia de ponta como motor de competitividade futura.
Esse movimento não apenas fortalece sua economia, mas também redesenha cadeias produtivas globais, com impactos diretos em setores como inteligência artificial, biotecnologia e energia verde.
E o Brasil?
Apesar do avanço regional — com o Chile em 51º e o Brasil em 52º —, a distância em relação às potências globais é alarmante. Falta transformar insumos (ciência, publicações, talento humano) em resultados concretos (patentes, produtos e exportações de tecnologia).
Enquanto a China acelera, o Brasil corre o risco de ficar preso à dependência de commodities, sem construir musculatura tecnológica para competir em um mundo que se reorganiza em torno da inovação.
Em resumo: A entrada da China no top 10 global de inovação não é apenas um dado estatístico — é um alerta para países emergentes como o Brasil. Sem investimento consistente em P&D, educação e mecanismos de transferência tecnológica, seguiremos espectadores de uma corrida que define o futuro da economia mundial.
Fonte:
Estadão