Sem segurança jurídica, não há inovação — há atraso, custo e dependência
O debate sobre segurança jurídica em propriedade intelectual deixou de ser técnico para se tornar estratégico. Quando o Estado demora, o prejuízo não é abstrato: ele se traduz em menos inovação, menos empregos qualificados e acesso tardio — e mais caro — a tecnologias essenciais.
O Brasil produz ciência de alto nível, mas falha em convertê-la em benefícios concretos. Um dos principais gargalos é conhecido: a morosidade na análise de patentes, que pode ultrapassar uma década. Nesse intervalo, projetos perdem fôlego, investidores recuam e tecnologias deixam de chegar ao mercado brasileiro — ou chegam quando já não são mais competitivas.
O problema não é a patente. É a imprevisibilidade.
Enquanto economias líderes oferecem previsibilidade regulatória, o Brasil mantém um sistema que penaliza quem investe em pesquisa e desenvolvimento. O resultado é direto:
- investimentos migram para ambientes mais estáveis;
- cadeias produtivas perdem densidade tecnológica;
- o consumidor paga mais caro por soluções que chegam por último.
Esse cenário ganha ainda mais relevância no atual debate sobre a Lei de Propriedade Industrial, que evidencia como a omissão ou atraso do Estado gera impactos sistêmicos sobre a inovação, a indústria e a saúde pública.
PTA: correção institucional, não privilégio
É nesse contexto que os PLs 2210/2022 (com a Emenda nº 4) e 5810/2025, ao preverem o Patent Term Adjustment (PTA), merecem leitura técnica e desideologizada. O mecanismo não cria vantagens indevidas: apenas recompõe o prazo quando o atraso é responsabilidade do próprio Estado, prática comum em países que lideram rankings de inovação.
Trata-se de alinhar o Brasil às boas práticas internacionais e sinalizar, de forma concreta, que o país respeita quem inova, investe e assume risco tecnológico.
O que está em jogo
- competitividade industrial;
- atração de centros de pesquisa e desenvolvimento;
- acesso mais rápido a tratamentos e tecnologias;
- fortalecimento de setores estratégicos como saúde, agro, bioeconomia, IA e transição energética.
Um país que detém uma das maiores biodiversidades do planeta e figura entre os maiores produtores de ciência não pode se conformar com a irrelevância no ranking global de inovação. A escolha é clara: continuar exportando cérebros e importando soluções — ou transformar potencial em futuro.
Proteger a inovação é proteger o Brasil. E segurança jurídica não é obstáculo ao desenvolvimento: é sua condição mínima.
Fonte:
Metrópoles












