Tendência no uso de marcas “fracas”

Adriana Brunner • 29 de maio de 2023

Recentemente, observamos uma tendência interessante nos eventos de lançamento de startups e novas empresas: a adoção de marcas consideradas "fracas". Essas marcas são escolhidas por empresas altamente inovadoras e têm termos quase descritivos. 


No entanto, é essencial compreender as vantagens e os riscos associados a essa estratégia. A escolha de uma marca requer análise cuidadosa, pois sua distintividade no mercado está diretamente ligada ao nível de criatividade do elemento adotado. Também é importante considerar o mercado e os canais nos quais a marca será explorada.


Uma das principais vantagens das marcas "fracas" é a sua capacidade de se aproximar do consumidor. Frequentemente, essas marcas relacionam diretamente o nome ao produto, estabelecendo uma correlação imediata. Um exemplo é a empresa SOFTWARE HOUSE.

 

Além disso, a logotipia que acompanha essas marcas desempenha um papel crucial na diferenciação, pois os consumidores tendem a lembrar da sua aparência visual, como o caso do Booking.com e sua identidade visual distintiva.


Por outro lado, existem desvantagens a serem consideradas. Investimentos significativos são necessários para alcançar reconhecimento no mercado, exigindo uma estratégia de marketing sólida e trabalho constante para construir reputação e visibilidade.

 

Outro aspecto negativo é a possibilidade de conviver com marcas similares ou idênticas, onde a diferenciação ocorre principalmente através do logotipo. Um exemplo é a coexistência do Booking.com com marcas como PET BOOKING e GRAMADO BOOKING, todas oferecendo serviços semelhantes.

Como uma marca “fraca” resiste ao ambiente digital?

Por fim, não podemos subestimar a importância da marca no meio digital. Nesse ambiente, a marca é geralmente identificada pelo seu nome, especialmente nos resultados de busca. Se a marca é descritiva ou de uso comum, qualquer empresa pode usar o mesmo nome, o que pode causar confusão.

 

Um exemplo disso é o caso da MILENIUM FORMATURAS, que registrou sua marca como uma combinação de elementos visuais e buscou a justiça para impedir que um concorrente utilizasse a marca MILLENIUM FORMATURAS como palavra-chave em ferramentas de busca. O judiciário decidiu que ambas as marcas deveriam coexistir, considerando que os elementos da marca eram de uso comum.



Isso significa que optar por uma marca “fraca” pode ser desafiador, sobretudo no ambiente digital, onde a exposição é maior nos dias atuais. Para conviver com marcas muito semelhantes, que podem desviar o cliente para a concorrência, é preciso investir massivamente em diferenciais estratégicos e tecnologias, qualidade do produto ou serviços e, claro, proteção e monitoramento da marca na internet.

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