Brasil e o desafio do acesso à inovação em saúde
A inovação na área da saúde não depende apenas da descoberta de novas terapias, mas sobretudo da capacidade de torná-las acessíveis com agilidade à população. O debate promovido no Meet Point Estadão Think destacou justamente essa lacuna entre ciência e acesso. Esse tem sido um dos maiores gargalos do Brasil: transformar avanços científicos em tratamentos concretos à disposição de quem precisa.
Um dos pontos mais relevantes foi a lembrança de que o desenvolvimento de um fármaco pode levar mais de 15 anos e demandar bilhões de dólares em investimentos até chegar ao mercado. Esse longo e arriscado caminho só é viável porque existe um sistema de patentes que protege a invenção, assegura o retorno do investimento e estimula novas pesquisas.
Sem patentes, dificilmente haveria fôlego para sustentar tamanha jornada. É a proteção intelectual que garante equilíbrio entre inovação, competitividade e acesso futuro — já que, após o prazo, a tecnologia entra em domínio público e abre espaço para genéricos e biossimilares.
O debate mostrou que a patente não é obstáculo, mas sim motor da inovação. O verdadeiro desafio do Brasil está em reduzir a burocracia e criar segurança regulatória para que novas terapias cheguem mais rápido à população.
Apesar da excelência técnica de instituições como a Anvisa, o tempo de análise e os entraves burocráticos ainda prolongam de forma inaceitável a espera por medicamentos já aprovados. Em média, uma nova tecnologia demora 17 meses para chegar ao paciente após ser incorporada ao SUS, e há casos em que terapias oncológicas aguardam implementação há mais de uma década. Cada mês perdido representa não apenas números em relatórios, mas tempo de vida desperdiçado.
O futuro da inovação em saúde no país não depende apenas de desenvolver tecnologias, mas de garantir que elas cheguem, de forma rápida e responsável, a quem mais precisa.
Fonte:
Estadão