Vale dos Vinhedos e a força da Denominação de Origem

Adriana Brunner • 18 de agosto de 2025

Um vinho não é apenas um vinho. Ele carrega histórias, identidades e tradições que se traduzem em cada garrafa. E quando falamos de Denominação de Origem (DO), estamos diante de um nível ainda maior de autenticidade e rigor.


No Brasil, a Indicação Geográfica (IG) é o selo que reconhece oficialmente a origem e as características únicas de produtos vinculados a um território. Ela se divide em duas modalidades:


  • Indicação de Procedência (IP): quando um local se torna conhecido por sua tradição na produção de determinado produto ou serviço.
  • Denominação de Origem (DO): quando as qualidades ou características do produto estão ligadas essencialmente ao meio geográfico — incluindo fatores naturais (clima, solo) e humanos (tradição, técnicas de produção).


O Vale dos Vinhedos e sua trajetória


O Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha, é um exemplo emblemático. Foi a primeira região brasileira a obter uma IG, em 2002, inicialmente como Indicação de Procedência. Após anos de aprimoramento e comprovação de qualidade, evoluiu para Denominação de Origem em 2012 — a primeira para vinhos e espumantes no país.


Esse reconhecimento não surgiu do nada: foi resultado de décadas de trabalho coletivo de produtores, pesquisadores e instituições, que elaboraram um caderno de especificações técnicas rigoroso. Para ostentar o selo da DO, as vinícolas devem cumprir critérios como:


  • Uvas 100% cultivadas na área demarcada (72,45 km²).
  • Colheita manual e produção controlada por hectare.
  • Uso de variedades emblemáticas (Merlot entre os tintos, Chardonnay entre os brancos).
  • Maturação mínima dos vinhos tintos por 12 meses e dos espumantes por 9 meses, sempre pelo método Tradicional.
  • Análises sensoriais e enoquímicas cegas conduzidas por comitês especializados.


Por que a Denominação de Origem importa?


Mais do que um selo estampado no rótulo, a DO é uma garantia de autenticidade. Ela assegura que o consumidor está diante de um produto genuíno, nascido de um terroir específico, com padrões de qualidade verificados e identidade própria.


No caso do Vale dos Vinhedos, a DO não apenas consolidou a reputação dos vinhos e espumantes brasileiros, como também abriu portas no mercado internacional, colocando a região ao lado de nomes consagrados do mundo do vinho. Até hoje, milhões de garrafas já receberam esse selo distintivo.


Um patrimônio cultural e econômico


Cada garrafa com a denominação de origem carrega não só o sabor do vinho, mas também a história das famílias que cultivam a terra, a dedicação dos produtores, o clima, o solo e a tradição herdada de gerações. É, portanto, um patrimônio cultural que também gera valor econômico, fortalecendo a competitividade do produto brasileiro no cenário global.


Fonte: BAND

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